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Reskilling: o que é e como aplicar nas empresas

Escrito por Juliana Paes | Gupy | 27/8/2025

A requalificação profissional, conhecida como reskilling, emerge como uma estratégia essencial e necessária para as empresas diante do atual cenário corporativo, marcado por transformações aceleradas, impulsionadas por avanços tecnológicos e novas dinâmicas de mercado. 

Essa estratégia permite adaptar pessoas colaboradoras a novas funções e demandas, garantindo a relevância do capital humano. O reskilling é crucial para o futuro das organizações, porque além de capacitar talentos internos reduz custos com novas contratações. 

Investir em reskilling não é apenas suprir lacunas de habilidades, mas construir uma cultura de aprendizado contínuo e inovação. Essa abordagem estratégica assegura que a empresa mantenha sua competitividade e fomente o senso de pertencimento entre as pessoas. Confira!

O que é reskilling e por que ele importa agora

O termo reskilling significa requalificação profissional. É o processo de treinar e preparar pessoas colaboradoras para exercer funções diferentes das que já desempenham, muitas vezes em outra área ou com foco em novas tecnologias. 

Esse conceito ganhou força em um momento em que mudanças tecnológicas, econômicas e sociais transformam a forma de trabalhar. Automação, inteligência artificial, mudanças nas cadeias produtivas e novas demandas de consumo fazem com que algumas profissões desapareçam, enquanto outras surjam em ritmo acelerado.

Deixar esse movimento passar despercebido pode ser um risco enorme para as empresas. Um estudo do Fórum Econômico Mundial estima que 60% da força de trabalho mundial precisará de requalificação até 2030. Isso não significa apenas aprender algo novo, mas sim se reinventar para continuar sendo relevante no mercado.

Para as organizações, o reskilling é um investimento em sustentabilidade e adaptabilidade. Em vez de perder talentos valiosos para a concorrência ou precisar arcar com custos altos de novas contratações, é possível olhar para dentro, aproveitar potenciais internos e gerar crescimento a partir da própria equipe.

Além disso, o reskilling fortalece o senso de pertencimento: pessoas que veem oportunidades de crescimento tendem a se engajar mais, reduzindo índices de rotatividade e aumentando o compromisso com os objetivos da organização.

Reskilling x Upskilling: diferenças essenciais

É comum que os termos reskilling e upskilling sejam confundidos. Apesar de ambos se relacionarem ao desenvolvimento de talentos, há diferenças importantes:

  • Reskilling (requalificação): quando uma pessoa se prepara para mudar de área ou função. Por exemplo, alguém que atuava no suporte técnico e é treinado para se tornar desenvolvedor de software.
  • Upskilling (aperfeiçoamento): quando uma pessoa aprofunda suas habilidades na área em que já atua. Por exemplo, uma pessoa de vendas que aprende técnicas avançadas de negociação digital.

Essas práticas não competem entre si, mas se complementam. Enquanto o upskilling fortalece o desempenho atual, o reskilling cria novas possibilidades de carreira. Empresas que combinam as duas estratégias formam times mais completos, capazes de responder rapidamente a mudanças do mercado.

Outro ponto importante é que o reskilling costuma ser mais estratégico em períodos de transformação profunda. Ele responde à falta de talentos em funções emergentes e ajuda a realocar profissionais de áreas em declínio. Já o upskilling é útil para manter funções atuais atualizadas e competitivas.

Por que o reskilling é prioridade para empresas

O reskilling se tornou prioridade por três razões principais, mas cada uma delas pode ser detalhada em impactos concretos, exemplos práticos, resultados mensuráveis e benefícios estratégicos que reforçam sua importância para empresas modernas em busca de inovação e sustentabilidade competitiva. Veja abaixo: 

1. Escassez de talentos especializados 

Com a transformação digital, habilidades como ciência de dados, programação, análise preditiva, design de experiência do usuário e gestão de mudanças estão em alta. 

Porém, a oferta de profissionais preparados é menor do que a demanda. Em vez de entrar em disputas salariais acirradas no mercado, empresas podem identificar potenciais internos e formar pessoas de acordo com suas necessidades específicas.

2. Redução de custos com rotatividade

Contratar uma nova pessoa custa caro. Além do processo de seleção, há despesas com integração, treinamento inicial e o tempo até que ela alcance a produtividade esperada. 

Estima-se que substituir uma pessoa colaboradora possa custar de 50% a 150% de seu salário anual. O reskilling transforma esses custos em investimento, evitando desligamentos e aproveitando a cultura já consolidada.

3. Engajamento e pertencimento

Empresas que investem em reskilling enviam uma mensagem clara: “acreditamos em você e no seu potencial de crescimento”. Isso aumenta a motivação e a retenção, já que profissionais enxergam perspectivas de carreira. Além disso, fortalece a imagem da empresa como marca empregadora atrativa, fator decisivo em tempos de competição por talentos.

Quando a liderança investe em reskilling, cria-se um círculo virtuoso: a empresa ganha competitividade, as pessoas se sentem valorizadas e o clima organizacional melhora.

Barreiras culturais e organizacionais

Apesar dos benefícios, muitas empresas ainda esbarram em barreiras significativas para implementar o reskilling. Esses obstáculos, na maioria das vezes, não estão relacionados apenas a questões financeiras, mas a aspectos culturais e de mentalidade que ainda persistem em grande parte das organizações.

Uma das mais comuns é a visão tradicional sobre treinamentos, frequentemente entendidos como despesa e não como investimento estratégico. Esse olhar reduz a capacidade de inovação e faz com que programas de aprendizagem sejam vistos como secundários, quando na verdade deveriam estar no centro da estratégia de crescimento.

Outro ponto crítico é o medo da substituição. Algumas lideranças acreditam que, ao incentivar o desenvolvimento de novas competências em suas equipes, podem perder espaço ou serem superadas. Esse receio cria resistência à mudança e bloqueia iniciativas de reskilling antes mesmo que comecem.

Há também a sobrecarga operacional. Em ambientes onde as demandas do dia a dia já são intensas, muitas vezes não sobra tempo ou energia para que pessoas colaboradoras se dediquem ao aprendizado. Sem o devido apoio, até mesmo programas bem estruturados podem ter baixa adesão.

Por fim, a falta de indicadores claros gera insegurança. Sem métricas que mostrem o retorno real do investimento, lideranças podem questionar a efetividade dos programas de requalificação, dificultando sua continuidade.

Para superar essas barreiras, o RH precisa trabalhar em três frentes principais:

  1. Alinhamento estratégico — deixar claro que o reskilling está diretamente conectado às metas de inovação, eficiência e crescimento.
  2. Engajamento da liderança — sensibilizar gestores e gestoras para que sejam apoiadores ativos, liberando tempo, reconhecendo esforços e incentivando a participação.
  3. Comunicação transparente — reforçar que o objetivo não é substituir, mas sim evoluir juntos, abrindo novas possibilidades de carreira e fortalecendo a cultura de colaboração.

Quando essas ações são implementadas de forma consistente, a mudança cultural acontece gradualmente, mas com impacto duradouro. As empresas passam a enxergar o reskilling como um pilar estratégico, e não apenas como um programa pontual, garantindo que a requalificação faça parte da identidade organizacional.

Como aplicar reskilling na sua empresa

A aplicação de um programa de reskilling deve ser planejada com cuidado. Veja as etapas fundamentais:

1. Mapear habilidades atuais e futuras

O primeiro passo é realizar um diagnóstico claro. Quais competências existem hoje? Quais serão necessárias em três ou cinco anos? Ferramentas de gestão de desempenho e análise de dados podem ajudar a identificar lacunas.

2. Identificar talentos internos com potencial

Nem sempre os talentos mais promissores estão nos cargos de maior visibilidade. Profissionais de áreas operacionais ou funções de entrada podem ter alto potencial de crescimento. O reskilling  deve ser inclusivo e oferecer oportunidades para diferentes perfis.

3. Criar trilhas de aprendizado personalizadas

Cada pessoa aprende de um jeito. Por isso, a empresa deve oferecer trilhas de desenvolvimento adaptadas, que incluam conteúdos práticos, teóricos e experiências reais. Alguns formatos eficientes:

  • Microlearning: pílulas de conhecimento rápidas.
  • Gamificação: uso de jogos para engajar.
  • Treinamentos híbridos: que combinem prática no dia a dia e teoria estruturada.

4. Engajar lideranças

O apoio da liderança é determinante. Quando gestores e gestoras incentivam a participação, o programa deixa de ser visto como obrigação e passa a ser parte da cultura.

5. Monitorar resultados e ajustar continuamente

Indicadores como número de pessoas requalificadas, tempo de realocação e redução de turnover devem ser acompanhados de perto. O reskilling é um processo vivo e precisa de ajustes ao longo do tempo.

Exemplos práticos de reskilling

Diversas empresas já colhem frutos com programas de reskilling, e os resultados mostram como essa estratégia pode transformar setores inteiros.

  • Tecnologia: uma grande companhia de telecomunicações requalificou parte de sua equipe de call center para atuar na análise de dados. Esse movimento não apenas reduziu custos de contratação externa, como também abriu espaço para que profissionais, antes dedicados a funções repetitivas, assumissem papéis mais estratégicos e valorizados. O impacto foi duplo: aumento de produtividade e maior satisfação da equipe.
  • Indústria: empresas do setor automotivo treinaram operadores de fábrica para atuar na manutenção de sistemas digitais e robóticos. Essa iniciativa reduziu o impacto da automação no emprego, garantindo que pessoas antes ameaçadas pela substituição tecnológica se tornaram protagonistas da inovação dentro da própria operação industrial.
  • Serviços financeiros: bancos requalificar profissionais de agências físicas para funções digitais, como atendimento remoto e análise de crédito automatizada. Essa transformação preservou a experiência de relacionamento das equipes, ao mesmo tempo em que as adaptou às novas demandas do setor bancário, cada vez mais orientado por tecnologia.
  • Educação e saúde: escolas e hospitais também passaram por programas de reskilling. Professores foram treinados para atuar em plataformas digitais de ensino híbrido, enquanto profissionais de saúde foram capacitados para usar sistemas eletrônicos de prontuários e telemedicina. Ambos os setores mostraram que a requalificação pode acelerar a inclusão digital e oferecer serviços mais acessíveis à população.

Esses exemplos mostram que o reskilling não é utopia, mas uma estratégia concreta e escalável que gera resultados consistentes em diferentes segmentos da economia. Além de garantir competitividade, fortalece a confiança das pessoas colaboradoras na empresa e abre caminhos para carreiras mais sustentáveis no futuro.

Habilidades do futuro e o papel do reskilling

Estudos apontam que as habilidades mais valorizadas no futuro incluem:

  • Adaptabilidade e resiliência – a capacidade de se ajustar rapidamente a novos cenários e lidar com imprevistos sem perder a produtividade.
  • Inteligência emocional e empatia – fundamentais para lidar com equipes diversas, gerir conflitos e construir relacionamentos de confiança.
  • Pensamento crítico e resolução de problemas complexos – cada vez mais necessário em um mundo onde as máquinas executam tarefas operacionais, mas a tomada de decisão estratégica depende do olhar humano.
  • Criatividade e inovação – para propor soluções originais, desenvolver produtos e repensar modelos de negócios.
  • Fluência digital – o domínio de ferramentas tecnológicas, análise de dados e novas plataformas de comunicação.

O reskilling é o caminho para desenvolver essas competências dentro das organizações, pois conecta aprendizado técnico a habilidades comportamentais. Mais do que oferecer cursos isolados, ele cria uma cultura de evolução constante, onde as pessoas aprendem fazendo, experimentando e aplicando no dia a dia. 

Assim, a empresa garante que sua equipe esteja preparada não apenas para os desafios atuais, mas também para aqueles que ainda nem foram mapeados. Em um cenário tão dinâmico, a vantagem competitiva estará em quem conseguir aprender, desaprender e reaprender de forma contínua.

Inteligência artificial como aliada no reskilling

A tecnologia tem um papel fundamental no sucesso do reskilling. Ferramentas de IA generativa, por exemplo, já são usadas para criar conteúdos personalizados de treinamento, recomendar trilhas de aprendizado e monitorar a evolução das pessoas em tempo real.

Além disso, a IA ajuda o RH a analisar dados de desempenho e prever quais talentos têm maior probabilidade de sucesso em uma requalificação. Isso torna o processo mais eficiente e direcionado.

O uso da IA no reskilling também democratiza o acesso ao aprendizado, já que permite desenvolver materiais de forma escalável e adaptada a diferentes perfis.

O papel do RH na construção da cultura de reskilling

Nenhum programa de reskilling terá sucesso sem o protagonismo do RH. Essa área precisa atuar como ponte entre a estratégia de negócios e o desenvolvimento humano.

Entre as principais responsabilidades estão:

  • Conectar o reskilling aos objetivos estratégicos da empresa.
  • Mensurar resultados concretos, como redução de turnover e aumento de produtividade.
  • Promover inclusão, garantindo que todos tenham acesso às trilhas de aprendizado.
  • Dar protagonismo às pessoas, estimulando autonomia e corresponsabilidade no desenvolvimento.

Assim, o RH deixa de ser apenas operacional e passa a ser um agente ativo de transformação cultural dentro da organização, conectando estratégia, inovação e desenvolvimento humano.

O reskilling é mais do que uma tendência: trata-se de uma necessidade urgente para empresas que desejam prosperar em um cenário de mudanças rápidas, digitais e globais. 

Ao requalificar talentos internos, a organização não apenas supre lacunas de habilidades técnicas, mas também fortalece sua cultura, amplia o engajamento e garante maior competitividade diante da escassez de profissionais especializados.

O futuro do trabalho será marcado pela capacidade de adaptação contínua. Nesse contexto, o reskilling se torna o caminho para transformar o desafio das mudanças em oportunidades concretas de crescimento, tanto para as empresas, que se tornam mais ágeis e inovadoras, quanto para as pessoas, que ganham novas perspectivas de carreira e protagonismo em suas jornadas profissionais.

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