Nos últimos anos, termos como lazy job, lazy girl job e lazy girl jobs ganharam força nas redes sociais, especialmente entre profissionais da Geração Z.
Apesar da tradução literal sugerir uma conotação negativa, a proposta por trás do conceito é bem diferente: trata-se de uma crítica à cultura de produtividade excessiva e uma valorização do equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Neste artigo, você vai entender o que está por trás da tendência dos lazy jobs, como ela reflete mudanças geracionais no mundo do trabalho e o que empresas e lideranças podem aprender com esse novo comportamento.
Lazy job, ou "trabalho preguiçoso", é uma expressão usada de forma irônica para se referir a empregos que oferecem boa remuneração, estabilidade e carga horária equilibrada, sem exigir esforço extremo, sobrecarga emocional ou dedicação além do necessário.
Ao contrário do que o nome possa sugerir, não se trata de falta de ambição ou desinteresse. O movimento está mais relacionado ao desejo de uma vida com mais qualidade, saúde mental e propósito — valores que têm ganhado relevância entre profissionais mais jovens, principalmente da Geração Z.
Essa visão contesta o modelo tradicional de sucesso baseado em longas jornadas, metas agressivas e constante autoexigência. Para essa nova geração, o sucesso profissional não está obrigatoriamente ligado a cargos de liderança ou à ascensão rápida na carreira, mas à possibilidade de viver bem e com liberdade.
A expressão "lazy girl job" começou a viralizar no TikTok em 2023, após vídeos que sugeriam que era possível buscar um emprego que "pagasse bem, não causasse estresse e permitisse viver a vida fora do trabalho".
Rapidamente, o termo se popularizou e passou a representar uma forma mais consciente de se posicionar no mercado de trabalho, em oposição ao burnout e à cultura de hustle (a ideia de que é preciso se esforçar constantemente para alcançar o sucesso).
Influencers como Gabrielle Judge, criadora do termo, passaram a defender abertamente empregos com baixa exigência emocional e tarefas repetitivas, desde que trouxessem equilíbrio, segurança e liberdade para priorizar outras áreas da vida.
O conteúdo ganhou milhões de visualizações e acendeu um debate global sobre trabalho, saúde mental e propósito.
O surgimento do lazy job evidencia uma mudança de mentalidade em relação ao trabalho. Enquanto gerações anteriores buscavam estabilidade e crescimento linear na carreira, a Geração Z prioriza:
Além disso, esse movimento revela uma maior intolerância à exploração, à sobrecarga e à falta de reconhecimento. Profissionais mais jovens não hesitam em mudar de emprego quando percebem que o ambiente não oferece os mínimos de respeito, inclusão e equilíbrio.
Esse comportamento também se conecta ao fenômeno conhecido como job hopping, ou seja, a troca frequente de emprego como estratégia de construção de carreira.
O modelo tradicional, que valoriza horas extras, alta pressão e competitividade extrema, começa a perder aderência. O lazy job representa um questionamento legítimo sobre o custo humano dessa cultura.
Profissionais mais jovens têm mostrado que produtividade e dedicação não precisam ser medidos por sacrifícios pessoais. Essa mudança traz à tona a necessidade das empresas repensarem:
Empresas que resistem a essa mudança correm risco de perder talentos para concorrentes mais flexíveis e humanos.
Muitas vezes, o desengajamento atribuído a profissionais mais jovens não está relacionado à falta de vontade ou responsabilidade, mas sim à ausência de ambientes de trabalho saudáveis, acolhedores e humanizados.
Empresas que desejam atrair e reter talentos da Geração Z precisam repensar suas práticas de gestão. Algumas ações estratégicas incluem:
Um dos equívocos mais comuns sobre o conceito de lazy job é a ideia de que ele está associado à improdutividade. Na verdade, muitos desses cargos envolvem alta produtividade em tarefas específicas, porém com menor pressão emocional e carga horária controlada.
A diferença está na forma como o trabalho é conduzido: com menos sobrecarga, mais previsibilidade e mais autonomia. Isso, inclusive, pode levar a melhores resultados, já que profissionais saudáveis e satisfeitos tendem a ser mais criativos, focados e comprometidos com os objetivos da empresa.
O desafio está em desconstruir a lógica de que valor profissional está associado ao sacrifício pessoal. Trabalhar muito não é, necessariamente, trabalhar bem — e reconhecer isso é um passo importante para organizações que desejam inovar em sua cultura.
Se, por um lado, a tendência dos lazy jobs pode gerar receio entre a gestão tradicional, por outro, ela oferece uma oportunidade valiosa de diferenciação para empresas que se adaptam com agilidade às mudanças de comportamento.
Ao incorporar os aprendizados desse movimento, as organizações podem:
Além disso, empresas que revisam sua cultura à luz dessas tendências mostram que estão preparadas para o futuro do trabalho — um futuro que exige flexibilidade, inclusão e capacidade de adaptação.
Alguns exemplos comuns de lazy jobs incluem cargos em áreas administrativas, suporte, marketing digital e setores de tecnologia onde o trabalho pode ser feito de forma remota, com metas claras e entregas objetivas.
Esses empregos tendem a oferecer:
Porém, vale destacar que o conceito é flexível e depende muito da cultura da empresa e das expectativas individuais.
O RH tem um papel estratégico em ajudar as empresas a se adaptarem a essa realidade, promovendo:
Essas ações não apenas respondem ao movimento lazy job, mas também contribuem para a inovação e transformação cultural.
A geração Z está entrando no mercado de trabalho com expectativas muito diferentes das gerações anteriores. Isso pode gerar ruídos, especialmente em empresas onde a liderança ainda está ancorada em modelos hierárquicos, rígidos e voltados ao controle.
Por isso, o papel do RH e da liderança é crucial. Cabe a essas áreas:
A mudança não acontece do dia para a noite, mas pode ser estimulada por pequenas decisões cotidianas: um one-on-one mais humano, uma conversa mais empática, uma política de horário flexível, uma liderança que reconhece o esforço da equipe sem exigir sacrifício pessoal.
O conceito de lazy job, embora polêmico em alguns círculos, oferece uma lente importante para entender como o mundo do trabalho está mudando. A Geração Z está dizendo, com clareza, que não aceita mais modelos que sacrificam saúde e propósito em nome da produtividade.
Para RHs, lideranças e empresas comprometidas com inovação e futuro do trabalho, o desafio está em ouvir, adaptar e evoluir. Afinal, trabalhar com equilíbrio não é sinônimo de preguiça — é sinal de inteligência emocional, estratégia e maturidade organizacional.
Mais do que um modismo, lazy job é uma expressão cultural de uma geração que quer viver com mais significado.
Saber escutar essa mensagem e incorporá-la de forma estratégica pode ser o diferencial entre manter talentos ou perdê-los para empresas que já entenderam que o futuro do trabalho exige mais empatia, flexibilidade e propósito.
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