Maternidade e carreira: como conciliar os dois mundos e vencer desafios

Conciliar maternidade e carreira é um desafio que envolve culpa, preconceito e sobrecarga emocional. A falta de flexibilidade e apoio nas empresas dificulta essa conciliação. Mudanças culturais e políticas inclusivas são essenciais para apoiar pessoas que são mães ou pais no ambiente profissional.
Juliana Paes | Gupy

Por Juliana Paes | Gupy


4 minutos de leitura

Equilibrar maternidade e carreira é uma realidade desafiante para milhares de pessoas que se tornam mães brasileiras. A escolha entre desenvolver-se profissionalmente e dedicar-se integralmente aos filhos é, muitas vezes, um falso dilema imposto por estruturas sociais e corporativas que ainda não contemplam plenamente as necessidades da maternidade.

Em tempos em que a equidade de gênero e a inclusão ganham cada vez mais espaço nas pautas empresariais, é urgente ampliar o debate sobre maternidade e carreira, desafios frente à conciliação de papéis e buscar soluções para que ser mãe ou pai e profissional não sejam caminhos excludentes.

A vida contemporânea, cada vez mais acelerada e competitiva, exige um reposicionamento das relações de trabalho, de modo que valorizem a diversidade de experiências e acolham diferentes realidades.

Maternidade e carreira: desafios frente à conciliação de papéis

A chegada de um filho transforma profundamente a vida de uma pessoa que se torna mãe ou pai, inclusive no aspecto profissional. As exigências do cuidado com a criança somadas à pressão por desempenho no trabalho tornam o desafio de conciliar carreira e maternidade um verdadeiro malabarismo cotidiano.

Essa transição nem sempre é compreendida pelas lideranças e colegas, gerando situações de invisibilidade, sobrecarga e até penalizações indiretas na carreira.

Entre os principais desafios enfrentados pelas pessoas que são mães ou pais estão:

  • Culpa parental: muitas pessoas sentem-se culpadas por se afastarem dos filhos durante o expediente ou por não conseguirem desempenhar plenamente suas funções profissionais. Essa culpa muitas vezes é alimentada por cobranças sociais que idealizam uma parentalidade exclusiva e integral.
  • Preconceito e estigma: ainda há um estigma sobre a "eficiência" de pais e mães no ambiente corporativo, com dúvidas sobre seu comprometimento ou disponibilidade. Pessoas que são mães ou pais têm menos chances de promoção e são vistas com desconfiança em cargos de liderança.
  • Falta de flexibilidade: jornadas de trabalho fixas, cobranças por presença física e metas inalcançáveis são barreiras comuns. A inflexibilidade é um dos maiores entraves para a permanência das pessoas que são mães ou pais no mercado de trabalho.
  • Sobrecarga e carga mental: a pessoa costuma acumular as responsabilidades domésticas e de criação dos filhos, mesmo quando tem uma carreira ativa. Isso compromete sua saúde física e emocional, impactando inclusive sua produtividade.

Segundo uma pesquisa publicada na Revista Psicologia: Ciência e Profissão (PePSIC), muitas pessoas que são mães ou pais relatam sentimentos de ansiedade, frustração e até culpa constante por não conseguirem atender integralmente aos papéis parentais e profissionais.

Esse dado revela o impacto emocional profundo da tentativa de conciliar maternidade e carreira em um contexto que não oferece suporte adequado.

Como conciliar carreira e maternidade: dicas práticas

Apesar dos desafios, há caminhos para o equilíbrio entre maternidade e carreira. Além de exigir mudanças estruturais nas empresas e na sociedade, há também a possibilidade de construir rotinas mais leves e funcionais, com base em estratégias realistas e sustentáveis.

Veja algumas dicas práticas:

  • Planejamento da rotina: estabelecer horários claros, tanto para o trabalho quanto para o tempo com os filhos, ajuda a reduzir a sensação de culpa e a melhorar a produtividade. Usar ferramentas de organização como agendas compartilhadas, planners e aplicativos pode ser um grande aliado.
  • Rede de apoio: contar com familiares, amigos e serviços de confiança é essencial. Compartilhar responsabilidades alivia a sobrecarga e permite que a pessoa que é mãe ou pai se sinta mais segura para dedicar-se também à carreira.
  • Diálogo com a empresa: conversar com lideranças sobre a realidade da pessoa que é mãe ou pai que trabalha é um passo importante para conquistar compreensão e adaptações quando necessário. A transparência fortalece relações e evita mal-entendidos.
  • Autocuidado: cuidar de si é parte essencial para cuidar dos filhos e da carreira. Momentos de descanso, lazer, alimentação adequada e terapia fazem parte da equação do bem-estar.
  • Estabelecimento de limites: aprender a dizer "não" e priorizar tarefas é uma habilidade vital. Estar ocupada não significa estar produtiva.
  • Apoio profissional: buscar grupos de apoio, mentorias, coaching e acompanhamento psicológico pode auxiliar na tomada de decisões e no fortalecimento da autoestima.

 

Empresas com cultura acolhedora fazem a diferença

A responsabilidade pela conciliação de carreira e maternidade não deve recair apenas sobre as pessoas que são mães ou pais. É fundamental que as empresas se comprometam com uma cultura organizacional inclusiva e acolhedora.

Políticas como:

  • Licença-parental estendida
  • Horários flexíveis e modelo híbrido de trabalho
  • Espaços para amamentação e salas de acolhimento
  • Apoio psicológico para pessoas que são mães ou pais
  • Programas de retorno ao trabalho com foco em readaptação gradual
  • Apoio na educação infantil, como subsídios para creches ou parcerias

Essas iniciativas favorecem não apenas a permanência, mas também o engajamento, a produtividade e o bem-estar das pessoas que são mães ou pais. Empresas que investem em ambientes inclusivos colhem os frutos da diversidade e da fidelização de talentos.

De acordo com uma matéria da Exame, mesmo com alguns avanços, a maternidade ainda é vista como um obstáculo na carreira para muitas pessoas que se tornam mães. Isso evidencia a necessidade de uma mudança estrutural nas relações de trabalho e na cultura organizacional.

Representatividade, inspiração e mudança

Ver outras pessoas que conciliaram carreira e maternidade com sucesso é fundamental para mudar o imaginário social. Histórias reais, como as apresentadas pela Forbes com executivas brasileiras, mostram que é possível sim ser mãe ou pai e ter uma carreira de sucesso. Essas pessoas tornam-se inspiração e prova viva de que o caminho é possível, ainda que repleto de desafios.

A representação dessas narrativas ajuda a construir referências positivas e a combater o estigma de que a maternidade atrasa ou prejudica o crescimento profissional. É também uma forma de valorizar diferentes modelos de sucesso, quebrando o padrão tradicional e masculino de desempenho.

A visibilidade dessas trajetórias contribui para pressionar empresas e governos por políticas mais justas e inclusivas, que contemplem a pluralidade de vivências parentais.

Conciliar maternidade e carreira é uma tarefa que envolve desafios emocionais, logísticos e estruturais. Contudo, com apoio, planejamento e mudanças culturais nas empresas, é possível criar um caminho equilibrado para que pessoas que são mães ou pais possam exercer ambos os papéis com dignidade e realização.

A transformação desse cenário depende tanto de ações individuais quanto de iniciativas coletivas. A sociedade e o mercado de trabalho precisam reconhecer e valorizar o papel da pessoa que é mãe ou pai em todas as suas potencialidades.

Ao promover ambientes acolhedores, disseminar boas práticas e ampliar a representatividade, abrimos espaço para que maternidade e carreira caminhem lado a lado. Mais do que conciliar, é preciso transformar!

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