
Visibilidade trans: contexto e dicas para pessoas candidatas transgêneros em processos seletivos
A comunidade transgênero enfrenta vários desafios no mercado de trabalho, como a discriminação e as altas taxas de desemprego. Sua presença traz benefícios extraordinários para empresas, como por exemplo a inovação e um ambiente saudável. É fundamental para todos que essas pessoas participem de processos seletivos, e este guia oferece dicas para se destacar nesses processos.

8 minutos de leitura
Historicamente, a comunidade transgênero enfrenta grandes desafios no mercado de trabalho, como discriminação, falta de oportunidades e uma alta taxa de desemprego.
A presença de pessoas trans no mercado não só fortalece a equidade social, mas também traz benefícios tangíveis para as empresas, como inovação, engajamento e a construção de um ambiente mais saudável e produtivo.
A participação ativa de pessoas trans nos processos seletivos é, portanto, um passo essencial para garantir não apenas a inclusão social, mas também para a promoção de um mercado de trabalho mais justo e igualitário.
Nesse conteúdo, vamos te mostrar o contexto histórico no Brasil e dicas para passar em processos seletivos que impactam você, pessoa candidata transgênero. Confira!
Orgulho trans no Brasil
No dia 29 de janeiro de 2004, um grupo de pessoas transgênero e travestis foram até o Congresso Nacional com a campanha “Travesti e Respeito” para exigir respeito, segurança e igualdade.
Desde então, o dia 29 de janeiro é marcado como Dia da Visibilidade Trans no Brasil. O intuito é levantar pautas em favor da equidade e contra a transfobia, chamando a atenção de instituições públicas e privadas.
A luta das pessoas transgêneros por equidade é árdua, mas já tem gerado grandes conquistas. Agora, pessoas trans abrem portas e ocupam espaços antes inacessíveis pela comunidade.
Um exemplo é que mesmo de forma lenta, a participação de pessoas trans no mercado de trabalho tem crescido — apesar de boa parte possuir uma posição informal, sem registro em carteira.
Outro ponto é a representatividade na mídia. Artistas e personalidades trans têm tomado conta de séries, filmes e da música. Um exemplo que não pode deixar de ser citado é o da MJ Rodriguez, que fez história ao ser a primeira atriz transgênero a vencer um Globo de Ouro.
Em 2020, houve um aumento de 220% na eleição de pessoas trans para as câmaras municipais. Um reflexo direto da necessidade e importância de termos pessoas trans representando a população em cargos públicos.
Cenário Brasileiro
Apesar dos avanços, o Brasil é, ainda, em 2020 pelo décimo terceiro ano consecutivo, o país que mais mata pessoas trans no mundo e mantém a expectativa de vida das travestis em 35 anos — mesmo a transfobia sendo crime desde 2019. No ambiente de trabalho, pessoas trans fazem parte de um grupo sub-representado.
Direitos básicos para a comunidade ainda são negados. Além disso, são um grupo com alta evasão escolar (82%, segundo a OAB) ocasionada pela transfobia (tanto dentro de casa quanto na escola). Dessa maneira, a comunidade trans é jogada para a marginalização e encontram como alternativa a prostituição.
Mas, hoje sabemos que os avanços são conquistados a partir de muita luta e de ações práticas, mas elas não devem depender apenas das pessoas trans. Pessoas influentes, lideranças ou tomadores de decisão devem agir em favor da equidade e contra a transfobia.
Uma forma é contribuir para que pessoas trans ocupem mais espaço na sociedade. Sendo o RH setor responsável pela “porta de entrada” em uma empresa, é importante que ações em prol da comunidade sejam desenvolvidas.
Segundo uma pesquisa desenvolvida pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transsexuais), 88% dos respondentes acreditam que as empresas ainda não estão aptas para contratar ou reter profissionais trans no time de pessoas colaboradoras. Essa percepção traz experiências individuais que muitas pessoas trans vivem diariamente no trabalho.
O que fazer antes das candidaturas em plataformas de Recrutamento & Seleção?
Diante do contexto histórico e dos dados apresentados até agora, sabemos que é de extrema importância pessoas trans participarem ativamente de processos seletivos para diversas vagas.
Por isso, preparamos algumas dicas para você, pessoa candidata trans, se preparar antes e durante as candidaturas em plataformas digitais de recrutamento e seleção.
Vamos começar do básico: um preenchimento efetivo do currículo na fase de candidatura é um dos diferenciais para uma pessoa passar na triagem e continuar dentro do processo seletivo nas plataformas.
Sabe quando dizemos que o jogo é importante, mas, mais importante do que ele é o treino? É nessa linha que trazemos a reflexão da relevância da etapa que antecede o cadastro e o preenchimento de informações nas plataformas de recrutamento e seleção digitais.
Como o nosso propósito é impulsionar o potencial humano, reservamos algumas dicas valiosas não apenas para que você encontre maiores possibilidades em avançar nas candidaturas via Gupy, mas também em qualquer processo seletivo. Confira com a gente!
1. Separe suas informações
Analise suas experiências profissionais e pessoais até o momento. Anote em um papel ou bloco de texto online para não se esquecer de nada.
Escreva sua formação educacional, os cursos ou treinamentos realizados, os idiomas que domina, as habilidades técnicas e socioemocionais.
Um grande diferencial é conseguir relacionar os aprendizados obtidos em cada um desses momentos, além dos resultados atingidos.
Além disso, na hora da formalização do contrato com a empresa, sabemos que existem alguns trâmites burocráticos por conta do nome social, por isso, já deixe toda a documentação separada. Organize o que você separou em um único documento
Veja bem, aqui não estamos falando de currículo, mas sim da importância de não limitar o espaço e conseguir compilar toda a sua história.
Tenha as informações centralizadas em um mesmo documento para melhor visualizar o que você vai inserir nas plataformas.
2. Selecione as informações estrategicamente
Depois de resgatar todo o seu histórico, filtre e selecione o que entende como relevante e que realmente precisa ser inserido na parte do currículo nas plataformas.
Nem sempre é necessário abordar toda a sua trajetória de trabalho, escolha o que de fato está conectado com a vaga que você está se candidatando, evitando excessos de informações e focando no seu objetivo específico.
3. Coloque sua formação acadêmica
Além de inserir o curso superior ou técnico, caso você tenha. É importante usar os cursos de curta ou longa duração a seu favor.
Existem cursos que não sabemos se devemos ou não colocar no currículo e a resposta é SIM, desde que tenha relação com a vaga que você pretende se candidatar.
Por exemplo, para alguém que quer se candidatar para uma vaga de Pessoa Redatora e já fez algum curso relacionado a artes, como o de pintura e desenho, é interessante acrescentá-los ao currículo.
Isto porque esses cursos se relacionam com criatividade, uma habilidade muito requisitada em vagas de Redator.
Neste conteúdo, mostramos dados que comprovam o baixo índice de escolaridade entre pessoas transgênero, por isso, enfatizamos ainda mais esse ponto: invista na sua capacitação!
Cursos livres ou formais, pagos ou gratuitos, online ou presenciais, é de extrema importância manter o conhecimento em dia.
4. Experiências sem vínculos formais
Experiências sempre são válidas quando o assunto é se destacar. Elas podem abranger diversos setores da nossa vida, não necessariamente somente ao trabalho.
Existem experiências sem formalização, como por exemplo os voluntariados e freelancers que não possuem carteira de trabalho assinada.
Na vida pessoal, trabalhos voluntários ou participações em ações do dia a dia, também contam como experiências. Por exemplo, organizar eventos na associação do bairro, desenvolve suas habilidades de organização e relacionamento.
5. Mapeamento de habilidades
Faça um mapeamento das suas principais habilidades.
Sabemos que a vivência enquanto pessoa transgênero exige o desenvolvimento de muitas habilidades comportamentais que talvez não fiquem evidentes quando você vai entrar no mercado de trabalho formal.
Por isso é importante fazer essa reflexão e mapear.
Faça o seu cadastro nas plataformas
Cada plataforma digital de recrutamento e seleção tem suas particularidades na hora de fazer o cadastro. Mas em geral, todas pedem para criar uma conta com seus dados.
Além de alguns dados pessoais, é necessário inserir experiências, formações e demais informações que envolvam a sua vida profissional. Assim, você pode fazer uma busca nas vagas disponíveis e verificar qual se encaixa melhor no seu perfil.
Um ponto super importante que podemos destacar, é se informar sobre as políticas, ações e projetos desenvolvidos em prol da diversidade e contra a discriminação dentro da empresa que você gostou da vaga.
Isso fará com que você se sinta mais à vontade e seguro no ambiente de trabalho, sabendo que haverá respaldo caso qualquer situação venha acontecer.
4 dicas para você melhorar a sua candidatura via Gupy
Essas dicas podem aumentar a sua chance de seleção no processo seletivo e ajudarão a melhorar as suas candidaturas via Gupy.
1. Selecione uma vaga que tenha relação com a sua jornada profissional
Quanto mais o seu currículo tiver pontos em comum com a vaga que você deseja aplicar, melhores serão as suas chances.
Isso significa que é importante escolher uma vaga que, de fato, dê match com as suas experiências e formações.
2. Destaque o que é valorizado na vaga
Destaque na candidatura aquilo que a vaga demanda e coloque as palavras ao longo do texto.
Por exemplo, se a vaga busca um “Analista de Redes Sociais com experiência no Instagram e no Facebook,” certifique-se de que o preenchimento do seu currículo na Gupy mencione essas tecnologias de forma destacada e contextualizada.
3. Utilize a seção Apresente-se
É uma seção opcional, porém, ela é essencial para personalizar a candidatura.
É possível detalhar ainda mais as atribuições para a vaga, trazendo informações de como você pode ajudar a organização a partir de experiências profissionais e pessoais, além da sua conexão com a cultura daquela empresa.
4. Mantenha seu cadastro atualizado
Revise e atualize regularmente o seu cadastro. Mantenha o perfil e o currículo atualizados com as informações mais recentes e relevantes.
Isso garante que você esteja sempre em conformidade com os requisitos das vagas e demonstra o investimento e o desenvolvimento ativo em sua carreira.
Que tal colocar um lembrete na sua agenda para revisar uma vez por mês? Ou na frequência que for melhor pra você? Isso pode ajudar muito!
O próximo passo é se preparar para as etapas seguintes como testes, entrevistas e dinâmicas. Até porque a candidatura é só a primeira parte de um processo seletivo, não é mesmo? Não basta ir bem nesta etapa e não ir bem nas demais.
A sua candidatura é de extrema importância para diversas empresas, por isso, não deixe de se candidatar. Contribua com inovação, diversidade e pluralidade dentro das organizações. Nós precisamos de vocês!