Positividade tóxica: o que é e 4 sinais para identificar no trabalho


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Você já passou por alguma situação no seu trabalho em que sentiu suas emoções invalidadas? Não por terem ignorado suas pontuações, mas do retorno ter sido algo parecido com “pense coisas positivas” ou “pelo menos você tem um emprego”.

O otimismo, quando utilizado devidamente, ajuda, sim, a termos uma perspectiva mais leve da vida e das atividades cotidianas. Por exemplo, situações desafiadoras no trabalho podem gerar certa insegurança. Nesse caso, acreditar no seu potencial e encarar o desafio é uma forma de utilizar o otimismo a seu favor. 

O problema está no momento em que a positividade é imposta excessivamente como o único caminho para resolução de problemas.

A importância da saúde mental 

Muito se fala em saúde mental, até mesmo por conta dos impactos da pandemia. Seja a mudança da rotina de uma pessoa que trabalhava presencialmente e perdeu seu emprego, ou que nunca teve a experiência de trabalhar remotamente e foi forçada a esse novo hábito.

Também tiveram pessoas que passaram pelo luto, e outras que, com o isolamento, desenvolveram sintomas de burnout e depressão. 

São inúmeros exemplos, e isso significa que cada um tem sua individualidade e nunca sabemos, de fato, o que acontece na vida do outro, independentemente do que é postado nas suas mídias sociais. 

Então quando falamos de saúde mental, o tema abrange todos os indivíduos e suas subjetividades, assim, é essencial entender que cuidar do bem-estar vai muito além de ouvir conselhos de colegas ou familiares. Principalmente se nesses conselhos, você perceber a positividade tóxica

O que é positividade tóxica? 

A positividade tóxica nada mais é que a ideia de que pensamentos positivos devem estar acima de quaisquer outras emoções consideradas “negativas”. Essa prática do excesso pode gerar comportamentos que reprimem essas emoções e, consequentemente, afetar sua saúde mental.

O ponto é que quando um sentimento é ignorado, isso não significa que ele deixou de existir ou parou de te afetar. Na verdade, se você não aceitar que suas emoções existem e que vão surgir no dia a dia, nunca vai aprender a lidar com elas.

Inclusive, a inteligência emocional trata justamente sobre essa maturidade em lidar com seu próprio eu, por isso é uma soft skill muito valorizada no mercado.

Um exemplo muito didático dessa habilidade que vemos hoje é o filme “Divertida Mente”, produzido pela Pixar. Ele conta a história da jovem Riley sob a perspectiva das suas emoções, que ficam numa espécie de “sala de controle” da mente. 

Nesse filme, é possível ver que a personagem da emoção “Alegria” tende a reprimir a “Tristeza” e quanto mais ela insiste nessa repressão, mais forte é o efeito inverso das suas expectativas. 

O filme trouxe diversas análises pelo mundo, incluindo a do psicólogo Ricardo Chagas, que também abordou a diferença entre a positividade tóxica e as boas práticas da psicologia positiva.

É muito importante entender a diferença entre os dois assuntos, pois o ideal é que a positividade não seja inexistente, mas, sim, moderada. A prática do otimismo e gratidão fazem bem ao ser humano, a questão aqui é a invalidação e repetição.

Quais são os 4 sinais de positividade tóxica no trabalho? 

Agora que você entendeu mais sobre a importância de cuidar da saúde mental e o efeito reverso da positividade tóxica, chegou o momento de ver os sinais de que isso acontece no mercado de trabalho, com chance de você já ter reproduzido frases do tipo sem perceber também. 

1. Comparações 

As comparações são muito comuns por serem uma tentativa de amenizar a dor e citar exemplos que, numa “escala de sofrimento”, são piores que seus problemas e isso, na teoria, deveria te deixar mais contente com sua vida. 

Um exemplo de situação extrema seria você reclamar de que não ganha bem o suficiente para sua função e sua colega de trabalho comparar a qualidade da sua vida com pessoas que estão em países em guerra. Na visão dela, você está vivendo uma vida muito melhor, então qual o sentido de reclamar? 

Outras frases de comparações:

  • “Bobeira! Eu já passei por um projeto muito pior”;
  • “Seus pais passaram por situações bem mais difíceis no trabalho e não reclamaram que nem você”;
  • “Mas pense que as gerações anteriores tiveram muito mais dificuldades”.

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2. Sugestões para pensar positivamente

Outra prática comum da positividade tóxica é insistir que é possível ser feliz o tempo todo. Basta sorrir, mostrar alegria, pensar nas coisas boas e praticar algum autocuidado como forma de acabar com a tristeza. 

Outra situação hipotética: você chama sua liderança direta para conversar e explica que não se sente bem para trabalhar, que tem funções acumuladas e isso até gera crises de ansiedade no trabalho. 

Frases como: “mas você já tentou pensar positivo?”, “mas veja o lado bom, você tem um trabalho”, “tente sorrir mais”, “já tentou meditar antes do trabalho?” costumam gerar um sentimento de culpa por você não estar fazendo o suficiente para ficar feliz. 

3. Frases prontas

Frases como “não desista”, “vai ficar tudo bem”, “você vai conseguir”, mesmo sendo muito comuns no dia a dia quando queremos torcer por alguém, costumam ter efeitos negativos se usadas num contexto em que não há empatia. 

Exemplo prático: você está a ponto de ter uma crise de estresse no trabalho, prazos atrasados, pautas para revisar e, então, no momento que você só precisa de alguém para te ouvir e gerar acolhimento, surge a frase: “não desista”. 

Tudo depende do contexto, claro, mas vale se questionar antes o quanto sua frase pode ajudar no momento. Se ela não tiver efeito, talvez não seja tão necessária. 

4. Invalidação

A expressão “pelo menos…” costuma estar atrelada à invalidação. Sabe quando você diz que não aguenta mais seu resfriado e vem uma pessoa com o “pelo menos você não está na UTI”? 

Situações menos empáticas até acontecem da maneira mais corriqueira que se pode imaginar, como falar que perdeu o emprego e surgir a frase: “pelo menos você não está doente”, “pelo menos vai ter mais tempo para estudar”, “pelo menos você mora com seus pais”. 

A positividade tóxica nestes exemplos tende a gerar culpa por não ter praticado a gratidão e valorizar as coisas boas da vida, mas, na verdade, você só estaria reprimindo suas emoções e suas dores.

Novamente, praticar a gratidão é importante. Vale a pena lembrar das situações boas que aconteceram no seu dia para estimular seu bem-estar, desde que isso não apague outras emoções que você sentiu. 

O que fazer para tornar as conversas mais saudáveis no trabalho? 

Um ponto importante sobre a positividade tóxica é que a intenção em ajudar geralmente é genuína. Você pode ouvir isso de amigos, entes queridos e até de uma liderança que sempre admirou e isso não significa necessariamente que essas pessoas desejam seu mal. 

Então agora você vai saber o que pode ser feito a partir de hoje para tornar as conversas mais saudáveis e efetivas no seu trabalho. 

1. Repare no seu comportamento

Enquanto estava lendo esse artigo, você se identificou com alguma das frases mencionadas?

Se não, já é um ótimo começo, mas caso tenha se identificado, saiba que não tem problema começar seu aprendizado agora. Aproveite, então, para observar suas falas no seu dia a dia caso uma pessoa do seu trabalho desabafe com você.

2. Desenvolva a empatia

A positividade tóxica possui uma relação forte com a ausência de empatia. 

Para a Dra. Brené Brown, professora e pesquisadora da Universidade de Houston, existe uma diferença entre empatia e simpatia. A empatia atrai a conexão entre as pessoas e tem relação com a habilidade de entender e comunicar, sem julgamento, as emoções do outro. 

A empatia traz acolhimento, desde o espaço para dar um conselho que foi solicitado, até dizer uma frase de validação como: “não sei o que te dizer, mas estou aqui para te ouvir”. 

Alguns outros exemplos de falas de validação: 

  • “Existe algo que eu possa fazer para te ajudar?”;
  • “Quer me contar mais sobre o que aconteceu?”;
  • “Eu imagino como deve ser difícil. Você está sendo muito forte por aguentar isso tudo”; 
  • “Tenho certeza de que não é fácil, mas você não está sozinha”.

Por isso, a empatia é uma soft skill muito importante no mercado exatamente por gerar vínculos saudáveis na equipe. Além de ser essencial para cargos de liderança, afinal, como disse a Dra. Brené Brown, “a verdade é que dificilmente uma resposta melhora alguma coisa. O que faz algo melhor é a conexão”

3. Dê feedbacks

Agora que você conferiu os sinais e entendeu um pouco mais sobre os benefícios da empatia, chegou o momento de fazer a diferença no seu ambiente profissional.

Como dito anteriormente neste artigo, pessoas bem-intencionadas podem reproduzir expressões tóxicas sem saber do efeito que causam e, se não existir um feedback, esse comportamento continuará sem que elas percebam tal impacto. 

Comunicar à pessoa, de maneira gentil e transparente, que a sua positividade está tendendo à negação das emoções, pode gerar um efeito transformador na sua equipe e até mesmo ser estendido por toda a empresa. Entenda aqui como você pode construir seu feedback na prática

Equilíbrio é tudo

Ao mesmo tempo que percebemos a positividade tóxica, ter equilíbrio para não alimentar uma postura de vítima é fundamental. Provavelmente você já deve ter ouvido expressões como: “nada dá certo para mim”, “eu não faço nada direito”, “minha vida é terrível, nunca vai melhorar”. 

Falas constantes de autopiedade podem ser sinal de baixa autoestima, dificuldade de compreensão de dores passadas, depressão, entre diversos outros motivos. 

Dessa maneira, sempre é recomendado o acompanhamento psicológico para incentivar o autoconhecimento e potencializar a qualidade de vida. O ideal é nos sentirmos bem com nossa própria mente. 

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