Como fazer o bem-estar financeiro e a alta produtividade andarem juntos

O bem-estar financeiro ainda é um tema pouco abordado internamente, seja pelas áreas de gestão ou recursos humanos. Enquanto fora do Brasil muitas empresas já notaram a importância de se trabalhar estrategicamente este assunto junto aos colaboradores, aqui ainda estamos apenas começando.

A falta de bem-estar financeiro afeta fortemente os demais pilares da saúde, bem como todas as outras áreas das nossas vidas: social, profissional, física, mental, emocional e assim por diante. Mesmo sendo um tema super-relevante, ainda são poucas as empresas que estão atentas a isso. 

Finanças e bem-estar pós-pandemia

Com o início da pandemia no Brasil, mais especificamente desde março de 2020, período em que começamos a sentir os efeitos em nossas rotinas, passamos por momentos financeiros delicados que impactaram diretamente a economia e o mercado de trabalho. Assim, mais do que nunca, muitas empresas perceberam a necessidade em evidenciar, promover ações e oferecer ferramentas para educar e incentivar o bem-estar dos colaboradores.

A  área de recursos humanos já vem se transformando bastante com o passar dos anos, porém as adversidades aceleraram esse ritmo. Além de planejar e executar mudanças e adaptações específicas para o período, como por exemplo se adequar ao modelo home office, foi crucial zelar pela cultura e comunicação, estimular o engajamento e cuidar do bem-estar em todos os âmbitos, o que não é tarefa simples.

O conceito de valorizar a satisfação dos funcionários é uma questão relativamente recente, porém irreversível. Ao perceber que obter um nível de satisfação elevado a empresa aumenta a produtividade dos colaboradores e, consequentemente, melhora resultados, organizações de todos os setores dedicaram-se a trabalhar esta perspectiva.

Por que o bem-estar financeiro impacta tanto a vida das pessoas e dos colaboradores?

Para se ter uma ideia da situação, estes são apenas alguns dados do nosso país: 

  • O percentual de família endividadas bateu o recorde da série histórica, e chegou a 67% em junho;
  • Menos de 15% das pessoas conseguem guardar dinheiro;
  • 64% das pessoas vivem no limite do orçamento;
  • 68% dos brasileiros não estão preparados para lidar com imprevistos.

Fonte: Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) | Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil)

Outro ponto importante é que, de acordo com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 8 em cada 10 pessoas afirmaram ter sofrido algum tipo de sentimento negativo por estarem com dificuldades financeiras.

Os sentimentos mais citados foram:   

  • 63% - Ansiedade;   
  • 43% - Alterações no sono; 
  • 25% - Passaram a comprar mais do que de costume.

De maneira geral, o impacto na vida dos colaboradores se resume a uma palavra: bem-estar. E este possui 5 dimensões: físico, mental, social, profissional e financeiro. 

Físico: está relacionado a capacidade de manter o corpo com energia suficiente para realizar as atividades diárias;

Mental: indica a presença de emoções positivas, bom-humor para lidar com os desafios da vida;

Social: está atrelado à capacidade de se conectar e construir relacionamentos positivos;

Profissional: indica estar consciente e alinhado sobre suas atividades profissionais;

Financeiro: habilidade de gerenciar sua vida financeira presente e futura.

Estas dimensões estão interligadas e uma situação pode desencadear outras, como mostra uma pesquisa realizada pela Salary Finance, em 2018, demonstrando uma forte correlação entre preocupações financeiras e problemas de saúde mental.

Pessoas com preocupações financeiras têm 4x mais chances de sofrer de ansiedade e ataques de pânico e 5x mais chances de sofrer de depressão, atingindo assim diretamente a sociedade e empresas como um todo.

Essa mesma pesquisa ainda mostrou que o baixo índice de bem-estar financeiro custa aos empregadores do Reino Unido cerca de 39 a 52 bilhões de euros por ano.

Nova call to action

Quais atitudes o próprio colaborador pode ter?

Individualmente, existem alguns passos para se organizar financeiramente e fazer o salário render mais:

  • Para não sair do limite do orçamento, o funcionário pode utilizar uma planilha de planejamento financeiro, mapeando receitas e gastos e o quanto sobra no final do mês;
  • Caso esteja com dificuldades, ou o valor recebido não cubra todas as necessidades,  é possível oferecer e/ou incentivá-lo a estabelecer um plano de renegociação para quitação de dívida.  
  • Se puder, invista: Encorajá-lo a manter uma reserva de emergência ou guardar dinheiro para a realização de um sonho, projeto e se preparar para a aposentadoria;
  • Transformar tudo isso em rotina e acompanhar de perto.

Como as empresas devem enxergar e o que podem fazer?

Tradicionalmente, as empresas tendem a enxergar o bem-estar financeiro atrelado a salário, comissões e bônus, porém isso vai muito além, englobando outros pilares que podem, e devem, ser trabalhados, como instruir para diminuir gastos, orientação financeira e melhores alternativas de crédito. É importante entender que, uma vez que este aspecto afeta todas as outras dimensões, tem relação direta também com o sucesso de outras iniciativas de benefícios.

Uma vez que a saúde financeira do colaborador vai mal, gerando aflição e ansiedade, os efeitos são sentidos na redução de eficiência, produtividade e desenvolvimento profissional, abalando continuamente os resultados das empresas.

Segundo dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) de 2019, a falta de organização financeira está entre os três principais motivos de inadimplência.

Como primeiros passos, aqui valem algumas dicas para as empresas colocarem em prática:

1. Entender o universo dos colaboradores, ouvir e observar como estão se comportando  e qual o sentimento deles em relação ao momento financeiro em que se encontram;

2. Ter uma área na empresa dedicada, destinada a trabalhar este aspecto ou, preferencialmente, alguém responsável dentro do RH para ajudar e apoiar os colaboradores a construírem hábitos de bem-estar financeiro, por exemplo auxiliando as pessoas a economizarem em locais que frequentam e fazem compras no dia a dia, contribuindo para o início dessa jornada;

3. Compreender a situação atual. A empresa deve investir em novas políticas de bem-estar financeiro que causarão maior impacto na vida do seu colaborador, consequentemente melhorando as demais dimensões do bem-estar e resultados. Existem diversas iniciativas que vão desde a educação financeira, passando por serviços financeiros, como crédito consignado e antecipação salarial, até empresas especializadas, que ajudam a implementar consultorias, cuidando das etapas sobre o tema de maneira mais completa.

Implementar ações assertivas e estratégicas, escolher parceiros que colaborem em cada fase e utilizar ferramentas adequadas são atitudes que melhoram não só todo este contexto, como também estreitam o relacionamento interno, estabelecem comunicação constante, aumentam a integração entre áreas, elevam a produtividade e aprimoram o engajamento.

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