Geração prateada no mercado de trabalho: desafios e oportunidades
A geração prateada representa uma das maiores transformações demográficas do Brasil. Com mais de 35 milhões de pessoas acima dos 50 anos, esse público ganha espaço no mercado de trabalho e na economia. Existem desafios e oportunidades para o papel do RH nesse novo cenário.
A geração prateada — formada por pessoas com 50, 60 anos ou mais — é hoje uma das forças mais relevantes da economia brasileira. Com o envelhecimento populacional acelerado, essa parcela da sociedade vem transformando o mercado de trabalho, o consumo e a forma como as empresas pensam sobre talento e diversidade.
De acordo com o IBGE, o número de profissionais 60+ cresceu 69% entre 2012 e 2024, chegando a 8,6 milhões de pessoas economicamente ativas. Paralelamente, a expectativa de vida aumentou, e o conceito de envelhecimento ativo tornou-se central nas políticas públicas e corporativas.
Mas, apesar dos avanços, o mercado ainda enfrenta um desafio importante: o etarismo — a discriminação por idade — continua sendo uma barreira para a plena inserção dessa geração. Metade das pessoas com mais de 60 anos ainda atua na informalidade, o que revela uma contradição entre a experiência acumulada e as oportunidades reais disponíveis.
Neste artigo, vamos entender quem é a geração prateada, por que ela é essencial para o futuro do trabalho e quais ações empresas e RHs podem adotar para valorizar e incluir profissionais dessa faixa etária. Confira!
O que é a geração prateada e por que ela cresce tão rápido
O termo geração prateada (ou silver generation) faz referência ao público com mais de 50 anos, uma homenagem aos cabelos grisalhos que simbolizam sabedoria e experiência.
Essa geração representa um marco do envelhecimento ativo, conceito que defende que a longevidade deve ser acompanhada de autonomia, saúde e participação social.
O Brasil está envelhecendo rapidamente. Segundo o IBGE, até 2044 cerca de 35% da população brasileira terá mais de 50 anos. Isso transforma a estrutura demográfica e exige novas estratégias para o mundo do trabalho.
Diferente de gerações anteriores, a atual melhor idade é mais conectada, engajada e disposta a continuar contribuindo economicamente. Muitos profissionais 50+ ainda têm planos de empreender, mudar de carreira ou permanecer no mercado por vontade própria — e não apenas por necessidade financeira.
Essa mudança reforça que o envelhecimento não é sinônimo de inatividade, mas de reinvenção.
O valor da experiência: por que o mercado precisa da geração prateada
Ignorar a geração prateada é desperdiçar um patrimônio de conhecimento e habilidades que levam décadas para ser construído. Profissionais dessa faixa etária trazem consigo uma bagagem que combina visão estratégica, resiliência e equilíbrio emocional — atributos cada vez mais valorizados em um mundo de incertezas.
Além disso, pessoas mais velhas têm alto senso de responsabilidade, capacidade de resolução de conflitos e uma visão ampla sobre negócios e pessoas. São competências que complementam a ousadia e a agilidade das gerações mais jovens, criando times multigeracionais mais completos.
Empresas que conseguem unir diferentes idades em seus times colhem benefícios diretos: inovação mais robusta, empatia entre lideranças e equipes, além de maior capacidade de tomada de decisão.
A diversidade etária, portanto, não é apenas uma questão social — é também um diferencial competitivo.
Desafios da inserção da geração prateada no mercado de trabalho
Mesmo com tantos atributos positivos, esses profissionais ainda enfrentam obstáculos significativos para se manterem ou retornarem ao mercado de trabalho. Veja alguns exemplos:
1. Etarismo e preconceito estrutural
O etarismo é uma das formas de discriminação mais silenciosas e persistentes. Muitas vezes, pessoas com mais de 50 anos são vistas como menos adaptáveis à tecnologia ou com menor produtividade, o que não corresponde à realidade.
2. Informalidade e falta de oportunidades
Mais da metade das pessoas 60+ no Brasil atua de forma informal. Esse número revela que o mercado ainda falha em oferecer políticas de contratação e desenvolvimento adequadas a esse público.
3. Barreiras tecnológicas
Embora 78% dos idosos brasileiros já utilizem smartphones, o acesso à tecnologia ainda é desigual. Falta alfabetização digital e acesso a treinamentos que ajudem essas pessoas a acompanhar o ritmo das transformações tecnológicas.
4. Ausência de políticas de RH inclusivas
Muitas empresas ainda não têm políticas estruturadas de inclusão etária. Isso impacta diretamente os processos de recrutamento e o desenho das trilhas de desenvolvimento.
Esses desafios indicam que o mercado precisa evoluir — e que o RH tem papel central nessa transformação.
A importância do lifelong learning para a geração prateada
Em um contexto de inovação constante, o conceito de lifelong learning (aprendizado ao longo da vida) é essencial para manter a geração prateada empregável e competitiva.
Programas de reskilling (requalificação) e upskilling (aperfeiçoamento) podem ajudar esses profissionais a se atualizarem e acompanharem as novas demandas do mercado.
Cursos de tecnologia, comunicação digital, gestão de projetos e soft skills são algumas das áreas mais buscadas por pessoas 50+. Além disso, o aprendizado intergeracional — no qual jovens e pessoas mais experientes trocam conhecimentos — enriquece toda a organização.
O RH pode liderar essa mudança ao oferecer trilhas personalizadas de capacitação, mentorias reversas e incentivo à curiosidade contínua.
Aprender não tem idade. E quanto mais as empresas entenderem isso, mais preparadas estarão para o futuro.
Transformação digital e inclusão tecnológica
A transformação digital trouxe grandes oportunidades, mas também desafios para a melhor idade.
De um lado, a digitalização facilitou o acesso ao trabalho remoto, à educação online e a novas formas de empreendedorismo. De outro, escancarou o abismo de acesso à tecnologia e à internet de qualidade em diversas regiões.
Programas de inclusão digital voltados à geração prateada são fundamentais para superar essas barreiras. Iniciativas como oficinas de alfabetização tecnológica, mentorias e plataformas acessíveis ajudam a democratizar o acesso e a reduzir o medo de lidar com novas ferramentas.
Empresas que investem nisso não apenas capacitam profissionais mais experientes, mas também fortalecem sua cultura de aprendizado contínuo e inovação.
Silver economy: o potencial econômico da geração prateada
Além de força de trabalho, a geração prateada é também uma potência econômica.
Estudos mostram que esse público movimenta mais de R$ 1 trilhão em renda anual, representando 24% do consumo nacional — um número que deve chegar a 35% até 2044. Essa tendência é conhecida como silver economy, ou economia prateada.
O consumo da melhor idade está em expansão: viagens, educação, saúde, tecnologia, bem-estar e entretenimento estão entre os setores mais impulsionados. A geração prateada é mais exigente, fiel e disposta a investir em produtos e experiências que promovam qualidade de vida.
Isso abre uma janela de oportunidades não apenas para o marketing, mas também para o RH. Ao incluir pessoas 50+ nas equipes, as empresas passam a entender melhor esse público e a criar soluções mais alinhadas às suas expectativas.
A silver economy é, portanto, uma das maiores oportunidades de inovação e crescimento para os próximos anos.
O papel do RH na inclusão da geração prateada
O setor de recursos humanos é o principal agente de transformação quando o assunto é diversidade etária.
O RH pode (e deve) criar programas específicos de recrutamento e desenvolvimento voltados à geração prateada, com foco na valorização da experiência e integração entre diferentes idades.
Entre as principais iniciativas possíveis estão:
- Recrutamento direcionado: programas voltados exclusivamente para profissionais 50+;
- Mentorias reversas: trocas entre gerações, em que jovens ensinam tecnologia e veteranos compartilham vivência profissional;
- Jornadas flexíveis: adaptações de carga horária e formatos de trabalho;
- Ambientes acessíveis e acolhedores: espaços projetados para conforto e acessibilidade;
- Trilhas de desenvolvimento personalizadas: programas de aprendizagem contínua para atualização profissional.
Essas práticas tornam o ambiente corporativo mais diverso, criativo e preparado para lidar com diferentes perfis.
Empresas como por exemplo o Itaú Unibanco, já adotam políticas voltadas a profissionais sêniores, mostrando que a inclusão etária é uma pauta estratégica, não apenas social.
Casos e boas práticas no Brasil
Algumas iniciativas inspiradoras têm mostrado o poder da inclusão da geração prateada acompanhe:
- Programa 50+ da Ambev: oferece oportunidades exclusivas para profissionais experientes, com foco em cargos administrativos e operacionais.
- Magalu 60+: iniciativa voltada para contratação e capacitação de profissionais da terceira idade em lojas físicas.
- Projeto Pleno da Vivo: promove mentorias e treinamentos digitais para pessoas 50+.
Esses exemplos reforçam que a inclusão da melhor idade é uma realidade possível e traz resultados concretos em inovação, engajamento e reputação corporativa.
A importância de equipes multigeracionais
Equipes formadas por diferentes faixas etárias combinam energia, criatividade e experiência. Essa mistura é um dos pilares da inovação organizacional.
Enquanto gerações mais jovens trazem novas ideias e domínio tecnológico, a geração prateada contribui com visão sistêmica e estabilidade emocional. Essa sinergia gera soluções mais completas e fortalece a cultura de aprendizado mútuo.
O desafio das lideranças é criar ambientes que valorizem essa diversidade. A inclusão etária não se trata de “dar espaço”, mas de reconhecer o valor real de cada geração e entender que a inovação nasce da troca.
Oportunidades além do emprego: empreendedorismo e impacto social
Muitas pessoas da geração prateada têm apostado no empreendedorismo como forma de continuar ativas e relevantes no mercado. Após décadas de experiência profissional, esse público reúne repertório, visão estratégica e redes de contato que favorecem o sucesso de novos negócios.
Empresas e incubadoras voltadas à terceira idade vêm crescendo, oferecendo suporte técnico e emocional para quem deseja empreender após os 50. Iniciativas como programas de aceleração, mentorias e comunidades de empreendedores maduros ajudam a transformar ideias em negócios sustentáveis, com impacto econômico e social.
O empreendedorismo sênior, além de gerar renda, estimula autonomia, aprendizado e propósito. Muitos profissionais encontram nessa jornada uma nova forma de se reinventar, aproveitando o tempo e o conhecimento acumulado para criar soluções voltadas a nichos específicos, como saúde, educação, turismo e tecnologia assistiva.
Outro destaque é o voluntariado corporativo, que conecta pessoas experientes a projetos sociais, startups e mentorias para jovens profissionais. Essa troca intergeracional fortalece vínculos comunitários, estimula o protagonismo da melhor idade e valoriza o papel social das empresas.
Além de empreender, a geração prateada tem participado ativamente de iniciativas de impacto social, como consultorias independentes, cooperativas e negócios de base solidária. Esses projetos contribuem para o desenvolvimento local e para a criação de novas formas de trabalho mais humanas e colaborativas.
Essas iniciativas mostram que o envelhecimento pode ser uma oportunidade de transformação positiva — dentro e fora das empresas — e que a longevidade, quando acompanhada de propósito, é uma das maiores forças para o futuro do trabalho e da sociedade.
O futuro do trabalho é prateado
A geração prateada é protagonista de uma nova era do trabalho — mais diversa, inclusiva e colaborativa. O envelhecimento populacional não é um fenômeno futuro, é uma realidade atual que exige mudanças estruturais nas políticas de RH e na cultura organizacional.
Empresas que souberem incluir, capacitar e valorizar profissionais 50+ estarão mais preparadas para os desafios econômicos e sociais das próximas décadas.
O futuro do trabalho será construído por equipes multigeracionais, que combinam juventude e experiência, tecnologia e sabedoria, propósito e performance.
A geração prateada é parte essencial dessa equação — não apenas por sua força produtiva, mas também pelo impacto cultural e econômico que representa.
Incluir a geração prateada é investir no futuro
O envelhecimento da população brasileira é um fato e uma oportunidade. É uma oportunidade de repensar o trabalho, a economia e a própria noção de desenvolvimento humano.
Ao investir na geração prateada, as empresas ganham experiência, lealdade e diversidade de pensamento. E o país ganha produtividade, inclusão e sustentabilidade social.
O futuro pertence a quem enxerga o potencial em todas as idades. A força prateada não é apenas uma tendência — é o reflexo de um novo mundo do trabalho, mais humano, consciente e conectado. Porque a diversidade e a inclusão são as bases para a inovação!
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