Comunicação não violenta: confira 7 dicas para praticar

A comunicação não violenta (CNV) é um tema cada vez mais presente nas empresas. Isso porque a estratégia está relacionada a melhorias no relacionamento dos colaboradores e lideranças, além de contribuir para potencializar a resolução de divergências.

A proposta é estabelecer uma forma de comunicação baseada na ideia da colaboração e compreensão. É normal que haja conflitos gerados pelo modo como nos comunicamos ou pelo que deixamos de falar. O objetivo é encontrar o caminho para ter relações mais fluidas.

Quantos problemas poderiam ser evitados na sua empresa caso houvesse práticas mais conscientes e empáticas de se comunicar? Pois é, uma comunicação interna bem estabelecida ajuda a eliminar ruídos e a fortalecer a cultura organizacional.

Neste conteúdo, explicaremos tudo sobre a comunicação não violenta, qual o seu embasamento e a aplicação no meio corporativo. Se você tem curiosidade sobre a temática e como o RH pode se beneficiar dela, continue a leitura!

O que é a comunicação não violenta?

A comunicação não violenta é uma prática usada para construir relações pessoais e profissionais com mais parceria e compreensão, com foco em uma comunicação eficaz e empática.

Para tanto, a prática propõe 4 componentes, também chamados de focos de atenção, que orientam a forma de se comunicar. Através disso, fica mais fácil ser compreendido pelos outros na hora de falar, assim como entender o que está por trás da fala alheia. 

Não há uma fórmula pronta para se comunicar melhor, a CNV proporciona um direcionamento para aumentar a qualidade do contato, ajudar a resolver e evitar conflitos além de proporcionar benefícios para todas as partes envolvidas na comunicação. 

Como ela surgiu?

A comunicação não violenta foi estabelecida pelo psicólogo Marshall Bertram Rosenberg e sua equipe através de um processo contínuo de pesquisa. Também conhecida como comunicação compassiva, a prática enxerga uma conexão entre as relações pessoais, sociais e interpessoais.

O princípio da CNV é determinar ações com base em valores comuns, identificando distinções entre as formas de intervir em cada esfera de comunicação. Com isso, é possível evitar dinâmicas irresponsáveis, classificatórias ou discriminatórias.  

Outro ponto-chave é evitar julgamentos, o intuito da comunicação é focar nas necessidades e sentimentos, sem determinar algo que seja certo ou errado. A escolha do psicólogo por uma comunicação pacífica foi inspirada nas ideias de Martin Luther King e Gandhi. 

E o que não é comunicação não violenta? Entenda

Estabelecer julgamento de “bem” ou “mal”

Nossa linguagem e o uso que damos às palavras afeta a forma como nos relacionamos. Por isso, a prática compassiva não está interessada em estabelecer oposições, mas garantir a expressão livre de julgamentos. 

Focar em medidas punitivas

Marshall afirma que a punição é uma atitude valorizada nas sociedades moralizantes que usam-na como forma de punir ou machucar o outro. Contudo, a comunicação não violenta só aprova o uso defensivo da força, ou seja, para evitar ferimentos.

Fazer comparações ou juízo de valor

Não é para basear a comunicação em estereótipos, generalizações ou influência daquilo que aprendemos ser o desejável. Seguindo por essa linha, acaba determinando um comportamento que não abre espaço para outros sentimentos, necessidades e mais compreensão.

Os 4 componentes da comunicação não violenta

A CNV é baseada em 4 focos de atenção que orientam a comunicação. Se você quer saber mais sobre os componentes da comunicação não violenta, conheça detalhes sobre o ciclo a seguir.

1. Observação

O primeiro passo é observar a comunicação em determinada situação. Descobrir, por exemplo, se a mensagem passada tem algo positivo a acrescentar. Lembrando que essa observação deve ser feita sem base em juízos de valor, deve-se observar como a comunicação o afeta.

Quantas vezes você não falou algo que foi interpretado de forma diferente do previsto? Isso pode acontecer quando o receptor perde o foco do que está sendo dito, o fato puramente, e cria uma interpretação ou pensamento diferente.

Daí surge a importância de entender os sentimentos. 

2. Sentimentos

É normal expressarmos o que o psicólogo chama de pseudo-sentimentos, por exemplo “sinto que vai dar errado”, “sinto que ela está me humilhando”. No primeiro caso há um pensamento sobre a situação enquanto o segundo foca no julgamento da ação alheia.

Por isso, é preciso entrar em contato com os próprios sentimentos para reconhecê-los e se permitir ser vulnerável. Com isso, é possível identificar a distinção entre o que se sente e o que se interpreta. Nesse sentido, os sentimentos são os mensageiros das necessidades humanas. 

3. Necessidades

Qual a necessidade universal por trás da comunicação? Responder essa pergunta aumenta as chances de uma conversa mais compreensiva e empática porque se reconhece a motivação. Todos temos as mesmas necessidades humanas e é isso que permite estabelecer uma conexão.

4. Pedidos

Por fim, é preciso expressar como gostaríamos de atender nossas necessidades. Através de um pedido claro, objetivo e positivo é possível transmitir ao outro o que queremos e evitar frustrações ou conflitos.

É comum que as pessoas deixem de pedir o que desejam por medo de incomodar ou por achar que é algo óbvio que não deveria ser falado. Esse tipo de crença frustra expectativas, cria ruídos e atritos que podem ser evitados tanto em relações pessoais como profissionais.

5 vantagens da comunicação não violenta no ambiente de trabalho

  • Promove a empatia no trabalho e abertura para diálogo;
  • Constrói ambientes de trabalho mais acolhedores;
  • Reduz agressões verbais ou físicas;
  • Fortalece a cultura do trabalho em equipe;
  • Facilita a resolução de conflitos

Na rotina empresarial, a comunicação não violenta serve como uma prática para promover a integração entre as equipes. Ajuda a evitar conflitos, tornar o ambiente menos nocivo e focado no bem-estar de todos. 

Aprenda como promover a comunicação não violenta na sua empresa em 3 etapas

Embora não tenha uma fórmula pronta, a comunicação não violenta tem 3 principais áreas de aplicação que podem ser adaptadas às situações da empresa.

Autoconexão

A primeira delas é a autoconexão, ou seja, entender o que se passa conosco a partir de determinados estímulos. “Como me sinto com essa fala ou ação?”, “O que é importante para mim?”, “Algo que eu gostaria de pedir?”.

Essas são algumas perguntas que podem ajudar a revelar os reais sentimentos e necessidades em uma comunicação. Trata-se de um conhecimento que pode ser incentivado no dia a dia da empresa com uma boa gestão de pessoas.

Empatia

Em seguida, há o processo de empatia ao se colocar no lugar do outro. Criar hipóteses para entender a atitude do outro ajuda a aumentar a conexão e a compreensão. As lideranças e gestores podem criar um clima mais inclusivo com essa prática e servir como exemplo.

Expressão honesta

Por fim, a honestidade na comunicação é fundamental. Ao falar sobre o que deseja, como se sente e qual a real necessidade, é possível diminuir reações defensivas ou ameaçadoras, por exemplo. Isso porque a comunicação não violenta gera uma colaboração mútua. 

2 exemplos de comunicação não violenta

Imagine que um colaborador recebe uma mensagem do chefe, na terça-feira, cobrando a entrega de um relatório que achou que seria para quinta-feira. Pode ser que tenha compreendido errado e precise expressar isso para descobrir:

“Olá! Estou confuso (sentimento), pensei que a entrega era na quinta-feira (observação), pode me esclarecer o que você entendeu do nosso combinado? (pedido)”

Talvez o chefe esteja apenas querendo se certificar que o trabalho está sendo feito já que é algo importante ou esteja ansioso com a entrega e tenha se precipitado. Caso contrário, o colaborador pode precisar de ajuda para finalizar a tempo ou estabelecer um novo prazo. 

Perceba que, como vimos anteriormente, não há um passo a passo para seguir na comunicação não violenta, existem múltiplas possibilidades de resolução para esse cenário que vão depender dos fatores apresentados.

Outro exemplo, em uma conversa com um líder que está constantemente se exaltando:

“Pedro, na última semana você se exaltou e gritou algumas vezes com a equipe (observação) e isso me deixou preocupado e frustrado (sentimento). Quero confiar que meus gestores atuem como líderes respeitosos (necessidade) e gostaria de conversarmos melhor sobre isso (pedido).”

Com os exemplos fica mais fácil entender a comunicação não violenta na prática da empresa, não acha? Veja a seguir algumas dicas que podem ajudar na aplicação.

7 dicas para praticar a comunicação não violenta na instituição

  1. Utilize uma linguagem positiva na hora de fazer pedidos, ao invés de dizer o que não quer, diga o que deseja que seja feito;
  2. Formule pedidos de forma clara e objetiva para garantir a compreensão;
  3. Faça treinamentos sobre a comunicação não violenta para estimular a cultura da empresa;
  4. Busque ter uma escuta atenta e livre de preconceitos e julgamentos;
  5. Coloque-se no lugar do outro para compreender melhor suas ações e falas;
  6. Incentive um espaço aberto e acolhedor para que todos se expressem;
  7. Ao lidar com conflitos e divergências, procure pelas necessidades comuns para chegar a um consenso.

Viu só como a comunicação não violenta pode ser benéfica para a sua empresa? Agora que você já está familiarizado com o assunto, sugerimos conferir um checklist sobre como transformar os seus colaboradores em defensores da sua marca. Aproveite!

 

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