Ídolos do RH: Mariana Ferrão e o propósito no trabalho

O Ídolos do RH é uma série de entrevistas com os principais nomes dos Recursos Humanos, empreendedorismo, inovação e muito mais! A cada 15 dias, a Gupy vai trazer um novo aprendizado para profissionais de gente e gestão, CEOs, gestores e quem deseja crescer com conteúdos transformadores!

A entrevistada de hoje é Mariana Ferrão, Jornalista e apresentadora do programa Saúde de Corpo e Alma da Rádio globo além de ser responsável pelo Unboxing.me. 

Confira mais sobre saúde, bem-estar, inovação e outros tópicos no bate papo a seguir!

Prefere ouvir esse conteúdo? clique no player abaixo!

Confira também outras entrevistas da série ídolos do RH:

Imagem da apresentadora Mariana Ferrão, entrevistada da série ídolos do rh

Conte-nos um pouco de como foi esse processo de conhecer você mesma, já que desde os 12 anos, você busca isso. 

Essa dúvida sobre 'como eu faço para ser eu mesma?' Essa é uma dúvida que passou pela cabeça de todo mundo. Uma vez, eu estava em uma palestra e uma menina da platéia me fez essa pergunta.

Na verdade, ela fez essa pergunta para a psicóloga que estava do meu lado, mas eu sentia que aquilo foi um presente para mim, porque eu estava nessa caminhada há muito tempo. De tentar descobrir quem eu sou.

A gente, quando trabalha com imagem e televisão, com muita gente olhando para nós, vem dizendo o que as pessoas acham que a gente é. Alguns momentos, falamos “será que eu sou isso mesmo?”, porque eu não me enxergo desse jeito que os outros estão me vendo.

Mas a minha busca começou muito antes de eu trabalhar na televisão. Começou quando eu tinha 12 anos. Eu era amiga de um dono do sebo que ficava na esquina da minha casa, porque eu gostava muito de literatura. E um dia, a gente conversando, ele disse: “esse livro é a sua cara”. Eu achei que ele iria me dar Machado de Assis, Fernando Pessoa..e ele me deu um livro de meditação, que eu não sabia — chamava visualização criativa.

Mas eu estava louca para saber porque ele achava que aquele livro era minha cara. Então fui para casa devorá-lo. Fazer todos os exercícios que o livro mandava. E eu comecei a meditar por acaso, numa brincadeira, sem saber disso..descobrir que a meditação era uma maneira de se conectar com si mesmo. Mas existem outras.

Um monte de ferramentas que estão aí disponíveis para a gente poder responder essa pergunta, de como a gente faz para ser a gente mesmo. E quando a gente se encontra e não tem essa ruptura entre o papel que a gente ocupa e a pessoa que a gente é, a vida fica muito mais leve, mais gostosa.

Ficamos muito mais produtivos e criativos, porque daí, de fato, não vai ter ninguém que vai fazer igual a mim. Só eu posso fazer aquilo que eu sou. Ninguém mais pode fazer aquilo que eu sou da maneira que eu faria. 

Nos explique mais sobre o unboxing.

O Unboxing é um curso que eu criei, uma jornada de autoajuda e autoconhecimento e, nas minhas palestras, eu conto a história dele e mostro também um pouco dessas ferramentas como empatia, gratidão.

Porque a empatia, quando olhamos para o outro de que ele é tão outro quanto a gente e gente quanto nós, ganhamos perspectiva de que a nossa interpretação da realidade é apenas uma interpretação. Existem muitas delas, todas elas e todas elas têm o direito de existir.

Quando a gente acha que só a nossa tem direito de existir, a chance da gente desrespeitar alguém no ambiente de trabalho é gigantesca.

E aí, o que eu mostro é o quanto esse ambiente hostil pode ser prejudicial, diminuindo produtividade, aumentando o afastamento de trabalho e casos de depressão e ansiedade e estresse e que todo mundo tá cansado de ver por aí.

O que eu trago é um pouco das ferramentas que eu uso no unboxing, mas que também servem muito para o ambiente corporativo.

geração millennial é muito voltada à internet, se cobra constantemente e tem muita pressão. Como podemos ser mais saudáveis em meio a tudo isso?

Esta é a pergunta de um milhão de dólares, mas eu acho que isso tem muito a ver com autocuidado.

Como decidimos que vamos nos cuidar se achamos que nossa vida não presta? Se eu estou fazendo uma coisa que eu não gosto, se estou me sentindo deslocada no ambiente de trabalho que estou, se estou infeliz e estou indo trabalhar todo dia sem vontade, que minha vida está uma droga. Para que que eu vou me cuidar?

Agora, se eu estou no meu lugar, se sei que tenho uma missão, que tenho um propósito: que vou transformar esse país. Eu me conecto com algo muito maior do que eu. E quando a gente tem esse sentimento, é engraçado...quando temos ele, de que estamos fazendo parte de algo que é muito maior que nós e podemos até se sentir pequenos.

Mas sentimos que temos valor, que está construindo, se sente pertencente, que temos muita necessidade de pertencimento.

Acho que essa sensação de se sentir pertencente a algo, de que você tem uma missão de vida, um propósito de vida...pode fazer de fato você se cuidar melhor.

Porque se eu estou fazendo algo para atingir um objetivo muito maior do que eu, algo fenomenal...como é que eu vou deixar de cuidar da minha saúde? e seu eu não estiver aqui amanhã para tocar esse projeto? Quem vai tocar por mim?

Espera lá. Então vou fazer isso. O auto cuidado passa por esse tipo de motivação e não por um tipo de motivação do tipo “não coma carboidrato porque isso pode inflamar suas artérias”.

Tem-se ouvido muito sobre cultura e propósito. 

Então, qual é a sua dica para conseguir conciliar o nosso propósito com o propósito do nosso trabalho e o da nossa empresa?

A maior dica de todas é saber se a empresa tem propósito. Tem empresas que até tem, mas que não comunicam direito ele para os colaboradores. Estou cansada de ver isso por aí.

Primeira dica: você já sabe que talvez, de alguma maneira, você consiga manifestar o seu propósito dentro da sua empresa, mas precisa conhecê-la. Se ela não tem nada a ver com aquilo que é mais importante para mim, complica.

vamos supor que sou vegana, e a empresa tem como missão distribuir carne para o mundo...só aí, já tem um conflito de interesses gigantesco. Agora, se a proposta da minha empresa está alinhada de alguma maneira com meus valores éticos e morais, talvez eu consiga, ainda que meu propósito seja diferente, conciliar as duas coisas. Mas para isso, eu preciso me conectar e descobrir meu propósito.

Eu estava na globo e ela iria ter um evento de hackathon. E meu propósito é sempre cuidar das pessoas. Essa maratona de programação, onde eles iriam juntar jovens do mundo inteiro para ficar dentro da casa do Big Brother Brasil, programando durante 36 horas seguidas para encontrar soluções para a parte digital da Globo.

O que esses caras fazem durante o hackathon? Programam. O que comem? Fast food, porcaria, hambúrguer… o que que isso tem a ver com bem estar? Nada. Zero. Tudo de oposto que a gente sempre falou no programa. Mas quero estar lá. Porque o jovem me interessa.

Porque a saúde me interessa a longo prazo, e se os jovens não se conectarem com a saúde deles agora, sei que lá na frente, eles terão mais dificuldade de se cuidar. Se eles começarem agora, eles talvez entendam que lá na frente, vai ficar mais fácil.

Como é que eu vou me conectar com esses jovens? Poxa, vou levar meditação para um hackathon (algo que não tem nada a ver, como levar isso para lá?) Eu conheço um monge que é engenheiro de computação. Tenho certeza que vão se conectar com a história desse cara.

E vou mostrar para eles que a pausa, no meio de um estresse de trabalho de longo prazo, direto, de virar a noite, pode ser muito produtiva. Mas e se não acontecer nada se eles meditarem? É um risco que a gente corre.

Os caras pararam para meditar, e os grupos que meditaram começaram a terminar mais rápido os projetos. E eles entenderam vivendo na prática que a pausa é fundamental para a nossa criatividade, para a nossa capacidade de foco, de atenção, para o nosso raciocínio e para chegar a solução de problemas.

Então, supostamente, aquele negócio não tinha nada a ver com meu propósito, mas eu tinha um propósito de cuidar daquelas pessoas que estavam ali programando e encaixei dentro daquilo.

E como o RH pode ajudar os colaboradores a serem mais saudáveis tanto emocionalmente quanto fisicamente? Qual é o papel do RH nisso tudo?

Para mim, o primeiro papel do RH é ouvir. Ouvir abertamente quem são os colaboradores da empresa. O que eles querem? Como é que eles lidam com a saúde deles?

Eles desejam, por exemplo, ter uma academia dentro da empresa ou ter um acesso a um gympass? Mas poxa, eu gostaria muito de ter uma alimentação mais saudável, de ter acesso a possibilidade de comer melhor, o refeitório é uma droga. Ou o ticket refeição não está dando para comer bem, tendo que comer uma porcaria, o tempo de trabalho não está permitindo comer direitinho.

Ouvir abertamente e não apenas sobre saúde porque saúde, a gente não descobre perguntando sobre isso, descobre perguntando sobre a vida. Ninguém chega para você e vai contando como é sua alimentação. E você vai começando a entender as coisas.

Então, você tem que estar disposto a ouvir coisas que talvez demorem um tempo para chegar ao lugar onde você quer e a informação que você precisa.

Mas quando você escuta e entende a demanda que as pessoas possuem, você consegue de fato se conectar com o que elas precisam. E aí, vai criar políticas de benefícios para os colaboradores que vai gerar engajamento no trabalho .

Porque também não adianta a nada eu ter acesso a um monte de coisa, ter um monte de serviço, de benefícios e ninguém usar. Também estou cansada de ver isso nas empresas. Quantas empresas tem um monte de benefícios que as pessoas nem sabem que existem.

Então a comunicação é fundamental. Quando a gente quer comunicar saúde, a gente precisa ter uma trilha de comunicação. A gente precisa saber como dizemos para os funcionários que aquilo existe e como a gente engaja os funcionários naqueles benefícios, senão estaremos jogando dinheiro no lixo.

Não quer perder nenhuma entrevista da série? Se inscreva na página do ídolos do RH e sempre receba atualizações direto no seu e-mail!

Compartilhe

Receba conteúdos de RH e DP

Compartilhe

Link Copiado! :)